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Existe receita para educar?

Atualmente, presenciamos, com cada vez mais frequência, em espaços públicos como shoppings, praias, supermercados e restaurantes, cenas de filhos desobedecendo e enfrentando seus pais, gerando constrangimento a quem assiste e, principalmente, aos próprios genitores. 

No acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes, os pais chegam ao consultório “perdidos”, buscando orientação para conseguirem que seus filhos trilhem o caminho “certo”. Crianças, cada vez menores, sem respeitar os adultos, sem obedecer regras, sem qualquer disciplina e sem nenhuma noção da existência de limites, formarão os adultos de amanhã.

O acesso indiscriminado às redes sociais e aos aparelhos eletrônicos de última geração, como também o tempo prolongado frente a jogos de computadores, vídeo games e à televisão diminuíram, consideravelmente, a interação de crianças e adolescentes entre si e com suas famílias. Com isso, foi-se perdendo o aprendizado de dividir, compartilhar, ter necessidade de se expressar e se integrar em um grupo. Além disso, vem-se diminuindo a tolerância a qualquer frustração, uma vez que ficou mais raro, dar não ao filho. Assim também, com esse novo contexto social e cultural, no qual ambos os pais trabalham o dia todo e têm um tempo reduzido com seus filhos, é praticada uma atitude de compensação, por existir uma espécie de culpa, daí a dificuldade na hora de dizer não. Mas cabe lembrar que o não, o limite, com bom senso, é estruturante, demonstra cuidado e constitui um investimento no desenvolvimento equilibrado do indivíduo.

A melhor maneira de demonstrar amor não é ser permissivo ou dar presentes, mas estar presente o máximo possível e com qualidade. Filho precisa de pai e mãe, ou alguém que exerça essa função, que não seria a televisão, o computador, a babá, a creche ou até mesmo os avós. A presença dos pais permite o registro do exemplo nas crianças, maneira mais eficaz de transmitir moral, crenças, comportamentos positivos. Não através da imposição ou da troca. Crianças que não convivem com um ambiente amoroso, limites claros e bons exemplos se desenvolvem soltos, sem nenhuma base. Além e mais prejudicial que a desobediência, elas podem desenvolver sintomas depressivos, transtornos de ansiedade ou tendência à transgressão.

Não existe fórmula pronta para educar, entretanto é de fundamental importância entender que autoridade não é autoritarismo e que é possível estabelecer limites com amorosidade. Dessa forma, poderemos construir gerações saudáveis, física e psiquicamente.

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