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A importância das Práticas Corporais aplicadas com crianças para facilitar o Processo de Aprendizagem na alfabetização

RESUMO

Este artigo pretende investigar como uma proposta de educação corporal, pode colaborar com o sucesso escolar de crianças na fase da alfabetização. Busca-se compreender através de uma breve investigação as contribuições de Wilhelm Reich para a educação, que através dos seus estudos nos aponta caminhos para uma regulação bioenergética. Ele destaca a importância do educador como facilitador do aprendizado para o desenvolvimento da criança. A idéia é que com essas contribuições, os educadores, possam utilizar as técnicas corporais como técnica preventiva da saúde biopsiquíca da criança, buscando favorecer a aprendizagem na alfabetização.

PALAVRAS-CHAVE: educação corporal - alfabetização infantil - aprendizagem.

A educação e a Alfabetização
Para Ferreiro, existe um sujeito que conhece e que, para conhecer, utiliza mecanismos de aprendizagem. Há, na sua concepção, um papel ativo do sujeito na interação com os objetos da realidade. Dessa forma, o que a criança aprende não corresponde ao que lhe é ensinado, pois existe um espaço aberto de elaboração do sujeito. O educador deve estar atento a esses processos para promover, adequadamente, a aprendizagem (Ferreiro, 1985).

As crianças precisam organizar seu mundo interno para alcançarem o processo de aprendizagem na alfabetização, para isso elas contam com o educador para ajudá-las nessa organização Portanto, ele deverá mediar atividades que possam intervir no fluxo do desenvolvimento psíquico da criança, ou seja, seu fluxo libidinal. Esse fluxo está presente em um nível de carga de energia e na busca do clímax de descarga energética, que favorece um estado de bem estar, trazendo uma sensação agradável de alegria para a criança.

Sabemos que o ser humano é uma unidade indissociável, formada pela inteligência, afetividade e motricidade, inseridas num contexto social. Seu desenvolvimento se processa através das influências mútuas entre esses três aspectos: cognitivo, emocional e corporal – qualquer alteração que ocorra em um desses se refletirá nos demais. Portanto, todo aprender está registrado no corpo ou seja, a sua participação na aprendizagem é fundamental.

Teoria Reichiana no contexto educacional

Trazer a abordagem reichiana para um campo social mais amplo se torna um grande desafio para o contexto educacional. Reich foi pioneiro no campo das psicopatias corporais, fomentando algumas ideias ao domínio da educação.

A educação corporal de orientação Reichiana se configura em uma proposta para investir na promoção da saúde da criança, ele incide seu ”olhar médico” sobre questões educacionais, sua hipótese é que a energia fundamental do corpo pode manifestar-se nos fenômenos psíquicos ou nos movimentos somáticos. Denominou essa energia de bioenergia ou energia vital, podemos aqui associá-la às técnicas corporais como forma de favorecer o desenvolvimento infantil, no seu aspecto global, destacando a importância do educador como facilitador do processo de aprendizagem. A ideia é que com essas contribuições os educadores possam se apropriar de informações que irão ajudá-lo a refletir sobre sua prática e, a partir daí , introduzir intervenções educacionais-terapêuticas, incluindo o toque para evitar a cronificação de bloqueios. Para o bom desempenho dessa proposta educacional, Reich (1998, p.77) considera essencial o bom estado emocional do educador - pré-requisito fundamental para um contato sensível e sintonizado com a criança. Partindo desse pressuposto é que podemos analisar o conceito de energia e as tensões energéticas que impedem o fluxo natural do desenvolvimento influenciando o processo de aprendizagem. Reich explica o conceito de couraça no seu livro Análise do caráter. Em principio, ocorre um recalque dos desejos genitais de ser humano em virtude do medo consciente ou inconsciente que este sente de ser punido por sentir tais desejos. O comportamento de pais e educadores incentivam esse medo, com isso para manter o recalque, torna-se necessário uma transformação do ego ,os recalques tem de ser cimentados, o ego tem que se enrijecer, a defesa tem que assumir um caráter cronicamente operante e automático (Reich, 1998, p.53) Dessa forma a couraça se enraíza no ego do indivíduo.

Buscando a medida certa entre frustração e satisfação pulsional. Reich (1998, p.62-65) entende a boa ou má educação a partir do prisma quantitativo: grau de satisfação/ frustração pulsional. Nessa linha de raciocínio, o erro educativo estaria em função tanto do exagero quanto da falta de frustração da criança, decorrente de práticas educacionais. Ele busca denunciar toda e qualquer frustração desnecessária que porventura ocorra no processo educativo. Ele investe na tentativa de encontrar formas educacionais que, pelo menos, possam minimizar a neurose. Ou seja, Reich tinha uma grande preocupação com a questão educativa, por isso em sua proposta de intervenção ele busca a prevenção da neurose ainda na infância. Portanto, a construção do conhecimento deverá ocorrer levando em conta a importância de atividades corporais para construção psíquica do individuo. Uma prática pedagógica que parte desse princípio, irá promover a formação de uma estrutura corporal e cognitiva capaz de intervir na estrutura do ego da criança, intervindo no seu fluxo energético, a partir de atividades corporais com um viés lúdico, como procedimento didático, ajudará na formação educacional capaz de utilizar a sua carga energética para facilitação do fluxo libidinal mobilizada para organização do pensamento e da afetividade, culminando com uma relação com a aprendizagem na forma de satisfação e prazer, indo em busca do desejo da vida e da realização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trazendo essas informações com intuito de levar conhecimento aos educadores para que eles possam ter acesso ao pensamento Reichiano e com base nesse conhecimento, introduzir no cotidiano escolar nas classes de alfabetização, principalmente uma educação corporal, na busca de uma transformação à nível social. As atividades corporais proporcionam favorecer o fluxo libidinal e a necessidade de potencializar orgasticamente. A criança que aprende a ler e a escrever é um ser que pensa e que busca compreender o sentido do mundo e dos objetos que a circundam. É preciso, portanto, conhecer melhor o pensamento da criança, levando em consideração o seu desenvolvimento cognitivo e corporal para que a aprendizagem da leitura e da escrita ocorra além dos limites das respostas treinadas e memorizadas. A criança não aprende decorando, ela simplesmente estoca informação a curto prazo, mas só aprende pensando, adquirindo um instrumento importante que lhe servirá para a vida toda.

Portanto, nessa fase, os educadores devem propor atividades que permitam as crianças se expressarem, sentirem, brincarem, moverem-se, agirem sobre o meio em que vivem desenvolvendo todo o seu potencial corporal, intelectual e criativo. Utilizando assim, o corpo como instrumento de apropriação do conhecimento, pois o corpo é imagem de prazer, a disponibilidade do corpo dá ao ato de aprender, de conhecer, a alegria sem a qual não existe e se concretiza a verdadeira aprendizagem.

Jocelita Maria de Souza Rocha

Referências:

ALBERTINI, Paulo. Reich: história das idéias e formulações para a educação. São Paulo: Ágora 1994
REICH, W. Análise do caráter; São Paulo: Martins Fontes,1998 (3ª triagem 2004)
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização, 24ª ed. São Paulo: Cortez, 1985.

AUTORA
Jocelita Maria de Souza Rocha – Pedagoga, formada pela Faculdade de Educação da Bahia, pós–graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Especialização em Alfabetização Infantil, ambas pela Universidade do Estado da Bahia e possui a formação em Integração Psicocorporal - CRTH-BA 01047/11

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